A nova banda de Fábio Nosferatus (ex-Headhunter DC), BASTARD, a nova promessa do Brutal Death Metal, sendo formada no final de 2010 na cidade interiorana de Santa Maria da Vitória-BA, a banda presentou o Underground esse ano com o grande Demo: Unchrist Life Campaign. Conversei com o guitarrista Fábio Nosferatus, que respondeu gentilmente essa entrevista. Formação atual: Welton Dark Entity: baixo e vocal; Fábio Nosferatus Lima: guitarra; Hermilton Morbius: guitarra e Caio Neto: bateria. Obs: fotos com antigo baterista.
01. Salve Fábio e Bastard! Primeiramente
gostaria de parabenizá-los pelo primeiro registro do Bastard, o fudido Unchrist
Life Campaign. Acredito que pra entendermos como o Bastard surgiu precisamos
entender como foi sua saída do Headhunter D.C., o que te levou a sair da banda
e da cidade do Salvador? Como você conheceu os outros membros do Bastard,
quando a banda foi formada?
Fábio: Agradeço pelas suas
honrosas palavras, Rodolfo. Bom, a saída do Headhunter D.C. deu-se a minha
mudança para a cidade de Santa Maria da Vitória, a 950 km de Salvador, ou seja,
impossível de manter ensaios periódicos, dessa forma eu só iria atrapalhar a ascensão
da banda. Eu já tinha visitado a cidade 2 vezes antes de mudar, nessas visitas
conheci alguns bangers na resistência (risos), inclusive havia uma banda
chamada Dark Torment (Black Metal). Em 2009, ano de minha mudança, sugeri ao
baterista (George Sthenio) e o baixo/vocal (Welton Gama) a se juntarem a mim e
fazer uma banda de Death Black Metal, já que o Dark Torment estava totalmente
inativo, então no final de 2010/ início de 2011 começamos os ensaios já como
Bastard.
02. Como foi pra você ter tocado no
Headhunter D.C. um grande expoente do Death Metal mundial e ter gravado grandes
clássicos?
Fábio: foi uma satisfação
inigualável, pois antes de fazer parte, já era fã da mesma. Confesso aqui que
comecei a ouvir Metal no ano de lançamento da demo Hell is Here (1989), imagine
fazer parte da banda que lhe conduziu ao Metal? Entrei na banda em dezembro de 1996
e fiquei até meados de 2010, no decorrer desses 13 anos pude evoluir
musicalmente, conhecer mais sobre gravações, postura ao vivo, sem falar nas
inúmeras viagens, conhecendo o underground de várias regiões do Brasil, e é
claro, conviver com eles foi muito foda!!! Grandes caras. Literalmente uma
família, pois Sérgio Baloff é meu primo de sangue e Paulo Lisboa é meu
cunhado... (risos). Sempre paro para escutar os álbuns que gravei com o HDC, o
“And the Sky turn to Black” e o “ Gods Spreading Cancer”, total nostalgia
(risos), ficou muito orgulhoso.
03. Bem, agora vamos falar apenas da
Bastard (risos). O Demo Unchrist Life
Campaign já pode ser adquirido? Como tem sido a aceitação do mesmo? Qual o
contexto lírico em torno dele?
Fábio: Sim, vamos, já enchi
muita bola desses caras (risos). Então, a demo ULC foi gravado independente em
março de 2012, e está sendo relançada agora pela Odicelaf Prod. de Cícero
Dantas /BA, do grande Adauto Dantas, que a qualquer momento anunciará o
lançamento oficial. A aceitação está sendo as melhores possíveis, confesso que
até eu me surpreendi com o resultado, pois aqui na cidade não possui recursos
para tal, contudo, apesar das limitações, o trabalho ficou extremamente respeitável.
A base lírica dessa demo (e do Bastard de forma geral) é o anti-cristianismo e
ateísmo ativo, uma total aversão ao eclesiástico. Mostramos a sujeira,
hipocrisia e prisão que o cristianismo representa.
04. Quando poderemos ouvir um novo
registro da banda? Já possuem outras músicas? Pretendem lançar outro Demo ou um
Full-lenght?
Fábio: Sim, possuímos
outras músicas. Já temos em mãos a gravação do último show (10/11) que
pretendemos lançar ou como bônus ou um mini live, não sabemos ainda, mas é
claro que um full-lenght é nossa prioridade, estamos negociando com o selo.
05. A banda já fez quantos shows? Em
quanto tempo em média dura o set list do Bastard e quais músicas vocês tem
tocado?
Fábio: Não temos ainda
muitos shows devido ao curto tempo de existência e também, acredito, que pela
escassez de eventos aqui na região. Foram 3 shows até o momento. O set list atual dura
mais ou menos 40 minutos, os títulos são: Intro (Bastard´s Laments) / Decimate
the Symbols of Faith / The Warth /
Destroy the Divine Realm / Unchrist Life Campaign / Intro 2 / Opus 666
(instrumental) / Ave Versus Christus / The Antichrist (Slayer Cover)
06. O Samavi Metal Fest contou em sua
primeira edição com a Headhunter D.C. como banda principal e na segunda edição
com a Valhalla. Você que é o organizador do evento? Já existe a previsão de uma
nova edição do festival? Que bandas pretendem trazer agora?
Fábio: Sempre quis
organizar shows e poder disseminar o metal na sua melhor forma, que é ao vivo,
contudo, nunca tive oportunidade, e por incrível que pareça, aqui no interior
consegui. Com muita garra consegui trazer o HDC em 2011, e em 2012 as meninas
do Valhalla, ano que vem sem dúvidas terá o 3º SAMAVI METAL FEST, dessa vez
mais forte com apoio de mais alguns bangers. Ainda não sei qual banda, mas
tenho em mente o Suffocation of Soul de
Poções, e uma outra banda mais renomada para o Head Line.
07. Como é ter uma banda de Metal no
interior? As dificuldades são maiores? Quais são as bandas de Metal que existem
por aí? Como você compararia a cena de Santa Maria da Vitória em relação à de
Salvador?
Fábio: Sim, sem dúvida, as
dificuldades são muito grandes tanto por parte de mão de obra (músicos para Death Metal) como de recursos técnicos
como, local pra ensaiar com amplificadores de qualidade, bateria etc. Posso
citar daqui de SMV bandas de Metal como Hellraiser (Death Metal) e Road
Warriors (Heavy Metal), há outras bandas que misturam estilos como White Eagle
(hard/heavy) e 2 bandas de hardcore, pra uma cidade 45 mil habitantes tem até
bastante (risos). Bom, a cena daqui é um muito diferente de Salvador devido à
falta de acesso a materiais e informações, ou seja, muitos ainda não sabem
direito significados reais dentro do underground, ainda passam por uma fase de
auto-afirmação como no início de todo mundo (risos), mas acredito que aos
poucos vai “caindo a ficha” (risos). Ressalto que não sou nenhum “especialista”
nem “dono da verdade” do underground, mas tenho autonomia e competência para
direcioná-los no caminho que acho que é certo.
08. E a vida por aí... Como é que é?
Queria saber das meninas também, mas como você é casado... (risos)
Fábio: Cara, agora você
tocou no ponto forte da cidade, muuuita mulher bonita (risos), mas minha esposa
reconhece isso, não tenho problemas não (risos). No início da minha vida aqui,
fiquei meio depressivo pela falta de atrativos, mas hoje digo sem hesitar, dá
de 10 x 0 em Salvador (risos), não tem congestionamentos (na verdade não tem
nem semáforo hehehe), violência é insignificante, pessoas educadas, um ótimo rio
que banha toda a cidade, muita cerveja, churrasco, encontros metálicos com a “resistência”
(risos), tudo sem maiores preocupações.. ótimo lugar para as minhas duas filhas
crescerem, não?!!
09. Você criou uma associação de Metal
por aí, estou certo? Conte-nos um pouco sobre esse projeto.
Fábio: Isso, porém não é só
Metal, a intenção foi criar um clube em prol do movimento Rock ´n Roll em geral
e também com uma visão sócio-cultural. O objetivo do clube é promover eventos
de qualidade como shows e workshops sendo alguns deles beneficentes. Temos em
mente mais para o futuro, montar oficinas como pintura, artesanato, arte em
geral, mas isso para o futuro mesmo. Os sócios irão participar pagando uma taxa
mensal, semestral ou anual, onde além de contribuir para a cultura e ao social,
irão fomentar o movimento que tanto defendem.
10. Você é professor da rede pública ou
privada? O que você acha do atual governo de Jaque$ Wagner que massacrou a classe de professores
que praticamente foram quem o elegeu? Por que ser professor em um país onde os
alunos desrespeitam os professores e aonde a profissão é tão desvalorizada pelo
governo?
Fàbio: “Sofressor”?
Sim sou. (risos). Sou da rede particular, dou aulas de inglês do 4º ano fundamental
ao 3º ano médio. Na verdade, sou formado em Turismo, mas com aminha mudança pra
cá, tive que começar a lecionar por uma questão de sobrevivência, depois
comecei a gostar. Sabe, é bastante gratificante você passar o conhecimento pro
aluno e vê-lo desenvolvendo, essa é a classe de quem realmente gosta , tem
prazer pelo que faz, e não daquelas que é apenas pelo salário. Todavia, a
indignação pela desvalorização é evidente e justificável, o Brasil é um país
totalmente com inversão de valores, onde um jogador de futebol ganha milhões e um
professor ganha um pouco mais de um salário, não dá pra entender, e o pior é
que todos eles sabem que tiveram que passar por um professor antes, menos o
jogador (risos).
11. Você já conseguiu vender a sua
guitarra? É uma Ibanez, né? Que modelo? Que guitarra você pretende pegar agora?
Fàbio: Cara,
ainda não consegui vendê-la, talvez se eu anunciar aí em Salvador consiga
vender mais rápido. Sim é uma Ibanez RG 270, preta, marcação dente de tubarão.
Minha intenção é comprar uma BC Rich, somente ela. Interessados entrem em
contato (risos).
12. Por gentileza, cite dez álbuns
clássicos do Death Metal.
Fábio: Clássicos do Death
Metal que fizeram parte da minha formação (não necessariamente nessa ordem):
1- Altars of Madness (Morbid
Angel)
2- Blessed are the Sick
(Morbid Angel)
3-
Left Hand Path (Entombed)
4- Like an ever following
stream (Dismember)
5- Where no life Dwels
(Unleashed)
6- Born, Suffer, Die
(Headhunter D.C.)
7-
Dawn of Possession (Immolation)
8- Tomb of Mutilated (Cannibal
Corpse)
9-
Seven Churches (Possessed)
10- Cursed (Morgoth)
13. Quais as suas maiores influências na
guitarra? Você ouve apenas Rock e Metal?
Fábio: Quando comecei a
tocar guitarra, nos idos de 1993, eu assistia muitas vídeo-aulas de
guitarristas como Yngwie Malmsteen, Paul Gilbert, Michael Angelo, Faíska e
Eduardo Ardanuy, assim consegui adquirir uma base para composições de solos,
mas para composições de músicas, riffs tenho como principais influencias Trey
Azagthoth (M. Angel), David Suzuki (Vital Reamains) e Robert Vigna (Immolation). Também costumo
ouvir muitas trilhas de filmes de terror, sério! (risos) ,me inspiram muito nas
composições de riffs. Fora Metal, tenho
fortes influências de Mozart, Paganini e Wagner, contudo o que predomina, sem
dúvida, é Metal.
14. Desejo boa sorte com a divulgação do
Demo e na longa jornada que a banda tem pela frente. Um abraço! FOREVER
UNDERGROUND!
Fábio: Rodolfo, quero
agradecer a você que juntamente com o Penumbra Zine, vem fortalecendo a cena há
bastante tempo e apoiando bandas novas. Gostei muito de ter participado desta
entrevista que saiu um pouco da mesmice (risos), espero poder contar com outras resenhas do
Bastard em vosso zine. Em pouquíssimos dias, estaremos com o material oficial
nas mãos e com novas datas de shows agendadas, para assim continuar nossa
campanha e disseminação do Death Metal Profano, o qual defendemos com
veemência. Valeu! UNDERGROUND FOREVER AND EVER.
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