sábado, 17 de novembro de 2012

MIDNIGHT: Satanic Royalty!


MIDNIGHT
Álbum: Satanic Royalty - Lançado em: 2011 - 10 faixas: 30:23 - Hells Headbangers Records.
Formação: Athenar (todos os instrumentos e vocal).
Puta que pariu! Que banda boa! Que grande músico! "Apenas" uma alma profana gravou esse grande disco, impressionante! Finalmente, após vários Demos, Splits e EPs, a grandiosa banda (ou grandioso homem) de Black/Heavy Metal norte americana lança seu primeiro álbum, Satanic Royalty, simplesmente fudido! A espera foi recompensada com um grande disco: tosco, simples, direto... Grande fusão do Black com Heavy Metal, grandes vocais, grandes guitarras, grande banda! Preciso logo desse LP!



sexta-feira, 16 de novembro de 2012

Entrevista: BASTARD!


<br />Bastard


A nova banda de Fábio Nosferatus (ex-Headhunter DC), BASTARD, a nova promessa do Brutal Death Metal, sendo formada no final de 2010 na cidade interiorana de Santa Maria da Vitória-BA, a banda presentou o Underground esse ano com o grande Demo: Unchrist Life Campaign. Conversei com o guitarrista Fábio Nosferatus, que respondeu gentilmente essa entrevista. Formação atual: Welton Dark Entity: baixo e vocal; Fábio Nosferatus Lima: guitarra; Hermilton Morbius: guitarra e Caio Neto: bateria. Obs: fotos com antigo baterista.




01.    Salve Fábio e Bastard! Primeiramente gostaria de parabenizá-los pelo primeiro registro do Bastard, o fudido Unchrist Life Campaign. Acredito que pra entendermos como o Bastard surgiu precisamos entender como foi sua saída do Headhunter D.C., o que te levou a sair da banda e da cidade do Salvador? Como você conheceu os outros membros do Bastard, quando a banda foi formada?
Fábio: Agradeço pelas suas honrosas palavras, Rodolfo. Bom, a saída do Headhunter D.C. deu-se a minha mudança para a cidade de Santa Maria da Vitória, a 950 km de Salvador, ou seja, impossível de manter ensaios periódicos, dessa forma eu só iria atrapalhar a ascensão da banda. Eu já tinha visitado a cidade 2 vezes antes de mudar, nessas visitas conheci alguns bangers na resistência (risos), inclusive havia uma banda chamada Dark Torment (Black Metal). Em 2009, ano de minha mudança, sugeri ao baterista (George Sthenio) e o baixo/vocal (Welton Gama) a se juntarem a mim e fazer uma banda de Death Black Metal, já que o Dark Torment estava totalmente inativo, então no final de 2010/ início de 2011 começamos os ensaios já como Bastard.

02.    Como foi pra você ter tocado no Headhunter D.C. um grande expoente do Death Metal mundial e ter gravado grandes clássicos?
Fábio: foi uma satisfação inigualável, pois antes de fazer parte, já era fã da mesma. Confesso aqui que comecei a ouvir Metal no ano de lançamento da demo Hell is Here (1989), imagine fazer parte da banda que lhe conduziu ao Metal? Entrei na banda em dezembro de 1996 e fiquei até meados de 2010, no decorrer desses 13 anos pude evoluir musicalmente, conhecer mais sobre gravações, postura ao vivo, sem falar nas inúmeras viagens, conhecendo o underground de várias regiões do Brasil, e é claro, conviver com eles foi muito foda!!! Grandes caras. Literalmente uma família, pois Sérgio Baloff é meu primo de sangue e Paulo Lisboa é meu cunhado... (risos). Sempre paro para escutar os álbuns que gravei com o HDC, o “And the Sky turn to Black” e o “ Gods Spreading Cancer”, total nostalgia (risos), ficou muito orgulhoso. 

Bastard - Unchrist Life Campaign

03.    Bem, agora vamos falar apenas da Bastard (risos). O Demo Unchrist Life Campaign já pode ser adquirido? Como tem sido a aceitação do mesmo? Qual o contexto lírico em torno dele?
Fábio: Sim, vamos, já enchi muita bola desses caras (risos). Então, a demo ULC foi gravado independente em março de 2012, e está sendo relançada agora pela Odicelaf Prod. de Cícero Dantas /BA, do grande Adauto Dantas, que a qualquer momento anunciará o lançamento oficial. A aceitação está sendo as melhores possíveis, confesso que até eu me surpreendi com o resultado, pois aqui na cidade não possui recursos para tal, contudo, apesar das limitações, o trabalho ficou extremamente respeitável. A base lírica dessa demo (e do Bastard de forma geral) é o anti-cristianismo e ateísmo ativo, uma total aversão ao eclesiástico. Mostramos a sujeira, hipocrisia e prisão que o cristianismo representa.

04.    Quando poderemos ouvir um novo registro da banda? Já possuem outras músicas? Pretendem lançar outro Demo ou um Full-lenght?
Fábio: Sim, possuímos outras músicas. Já temos em mãos a gravação do último show (10/11) que pretendemos lançar ou como bônus ou um mini live, não sabemos ainda, mas é claro que um full-lenght é nossa prioridade, estamos negociando com o selo.

05.    A banda já fez quantos shows? Em quanto tempo em média dura o set list do Bastard e quais músicas vocês tem tocado?
Fábio: Não temos ainda muitos shows devido ao curto tempo de existência e também, acredito, que pela escassez de eventos aqui na região. Foram  3 shows até o momento. O set list atual dura mais ou menos 40 minutos, os títulos são: Intro (Bastard´s Laments) / Decimate the Symbols of Faith /  The Warth / Destroy the Divine Realm / Unchrist Life Campaign / Intro 2 / Opus 666 (instrumental) / Ave Versus Christus / The Antichrist (Slayer Cover)

06.    O Samavi Metal Fest contou em sua primeira edição com a Headhunter D.C. como banda principal e na segunda edição com a Valhalla. Você que é o organizador do evento? Já existe a previsão de uma nova edição do festival? Que bandas pretendem trazer agora?
Fábio: Sempre quis organizar shows e poder disseminar o metal na sua melhor forma, que é ao vivo, contudo, nunca tive oportunidade, e por incrível que pareça, aqui no interior consegui. Com muita garra consegui trazer o HDC em 2011, e em 2012 as meninas do Valhalla, ano que vem sem dúvidas terá o 3º SAMAVI METAL FEST, dessa vez mais forte com apoio de mais alguns bangers. Ainda não sei qual banda, mas tenho em mente o Suffocation of Soul  de Poções, e uma outra banda mais renomada para o Head Line.


07.    Como é ter uma banda de Metal no interior? As dificuldades são maiores? Quais são as bandas de Metal que existem por aí? Como você compararia a cena de Santa Maria da Vitória em relação à de Salvador?
Fábio: Sim, sem dúvida, as dificuldades são muito grandes tanto por parte de mão de obra  (músicos para Death Metal) como de recursos técnicos como, local pra ensaiar com amplificadores de qualidade, bateria etc. Posso citar daqui de SMV bandas de Metal como Hellraiser (Death Metal) e Road Warriors (Heavy Metal), há outras bandas que misturam estilos como White Eagle (hard/heavy) e 2 bandas de hardcore, pra uma cidade 45 mil habitantes tem até bastante (risos). Bom, a cena daqui é um muito diferente de Salvador devido à falta de acesso a materiais e informações, ou seja, muitos ainda não sabem direito significados reais dentro do underground, ainda passam por uma fase de auto-afirmação como no início de todo mundo (risos), mas acredito que aos poucos vai “caindo a ficha” (risos). Ressalto que não sou nenhum “especialista” nem “dono da verdade” do underground, mas tenho autonomia e competência para direcioná-los no caminho que acho que é certo.  

08.    E a vida por aí... Como é que é? Queria saber das meninas também, mas como você é casado... (risos)
Fábio: Cara, agora você tocou no ponto forte da cidade, muuuita mulher bonita (risos), mas minha esposa reconhece isso, não tenho problemas não (risos). No início da minha vida aqui, fiquei meio depressivo pela falta de atrativos, mas hoje digo sem hesitar, dá de 10 x 0 em Salvador (risos), não tem congestionamentos (na verdade não tem nem semáforo hehehe), violência é insignificante, pessoas educadas, um ótimo rio que banha toda a cidade, muita cerveja, churrasco,  encontros metálicos com a “resistência” (risos), tudo sem maiores preocupações.. ótimo lugar para as minhas duas filhas crescerem, não?!!

09.    Você criou uma associação de Metal por aí, estou certo? Conte-nos um pouco sobre esse projeto.
Fábio: Isso, porém não é só Metal, a intenção foi criar um clube em prol do movimento Rock ´n Roll em geral e também com uma visão sócio-cultural. O objetivo do clube é promover eventos de qualidade como shows e workshops sendo alguns deles beneficentes. Temos em mente mais para o futuro, montar oficinas como pintura, artesanato, arte em geral, mas isso para o futuro mesmo. Os sócios irão participar pagando uma taxa mensal, semestral ou anual, onde além de contribuir para a cultura e ao social, irão fomentar o movimento que tanto defendem. 

10.    Você é professor da rede pública ou privada? O que você acha do atual governo de Jaque$  Wagner que massacrou a classe de professores que praticamente foram quem o elegeu? Por que ser professor em um país onde os alunos desrespeitam os professores e aonde a profissão é tão desvalorizada pelo governo?
Fàbio: Sofressor”? Sim sou. (risos). Sou da rede particular, dou aulas de inglês do 4º ano fundamental ao 3º ano médio. Na verdade, sou formado em Turismo, mas com aminha mudança pra cá, tive que começar a lecionar por uma questão de sobrevivência, depois comecei a gostar. Sabe, é bastante gratificante você passar o conhecimento pro aluno e vê-lo desenvolvendo, essa é a classe de quem realmente gosta , tem prazer pelo que faz, e não daquelas que é apenas pelo salário. Todavia, a indignação pela desvalorização é evidente e justificável, o Brasil é um país totalmente com inversão de valores, onde um jogador de futebol ganha milhões e um professor ganha um pouco mais de um salário, não dá pra entender, e o pior é que todos eles sabem que tiveram que passar por um professor antes, menos o jogador (risos).

11.    Você já conseguiu vender a sua guitarra? É uma Ibanez, né? Que modelo? Que guitarra você pretende pegar agora?
Fàbio: Cara, ainda não consegui vendê-la, talvez se eu anunciar aí em Salvador consiga vender mais rápido. Sim é uma Ibanez RG 270, preta, marcação dente de tubarão. Minha intenção é comprar uma BC Rich, somente ela. Interessados entrem em contato (risos).

12.    Por gentileza, cite dez álbuns clássicos do Death Metal.
Fábio: Clássicos do Death Metal que fizeram parte da minha formação (não necessariamente nessa ordem):
1-      Altars of Madness (Morbid Angel)
2-      Blessed are the Sick (Morbid Angel)
3-      Left Hand Path (Entombed)
4-      Like an ever following stream (Dismember)
5-      Where no life Dwels (Unleashed)
6-      Born, Suffer, Die (Headhunter D.C.)
7-      Dawn of Possession (Immolation)
8-      Tomb of Mutilated (Cannibal Corpse)
9-      Seven Churches (Possessed)
10-  Cursed (Morgoth)


13.    Quais as suas maiores influências na guitarra? Você ouve apenas Rock e Metal?
Fábio: Quando comecei a tocar guitarra, nos idos de 1993, eu assistia muitas vídeo-aulas de guitarristas como Yngwie Malmsteen, Paul Gilbert, Michael Angelo, Faíska e Eduardo Ardanuy, assim consegui adquirir uma base para composições de solos, mas para composições de músicas, riffs tenho como principais influencias Trey Azagthoth (M. Angel), David Suzuki (Vital Reamains)  e Robert Vigna (Immolation). Também costumo ouvir muitas trilhas de filmes de terror, sério! (risos) ,me inspiram muito nas composições de riffs.  Fora Metal, tenho fortes influências de Mozart, Paganini e Wagner, contudo o que predomina, sem dúvida, é Metal.

14.    Desejo boa sorte com a divulgação do Demo e na longa jornada que a banda tem pela frente. Um abraço! FOREVER UNDERGROUND!
Fábio: Rodolfo, quero agradecer a você que juntamente com o Penumbra Zine, vem fortalecendo a cena há bastante tempo e apoiando bandas novas. Gostei muito de ter participado desta entrevista que saiu um pouco da mesmice (risos),  espero poder contar com outras resenhas do Bastard em vosso zine. Em pouquíssimos dias, estaremos com o material oficial nas mãos e com novas datas de shows agendadas, para assim continuar nossa campanha e disseminação do Death Metal Profano, o qual defendemos com veemência. Valeu! UNDERGROUND FOREVER AND EVER.    


terça-feira, 13 de novembro de 2012

NOCTURNAL VOMIT: Cursed Relics!




NOCTURNAL VOMIT
Álbum: Cursed Relics - Lançado em: 2012 - 08 faixas - 46:33 - Kill Yourself Productions
Formação: Kolozis (baixo e vocal), Isaak Insulter (bateria e vocal), Thomas Vomit (guitarra e vocal).
Uma das grandes bandas do fudido cenário Black/Death Metal grego. Nocturnal Vomit, está na ativa desde 1999, lançando ótimos Demos e Splits, e agora finalmente lançando o seu primeiro Full-lenght Cursed Relics, Death Metal simplesmente fudido! Grandes riffs, grandes vocais, bateria bem trampada... Esses gregos conseguem aliar peso, velocidade e variação, daquele jeito ímpar que os gregos sabem fazer, criando uma atmosfera altamente fúnebre em suas músicas. Estou tentando adquirir essa pérola em LP, um dos grandes lançamentos do ano!


domingo, 11 de novembro de 2012

Nergal pode ser preso.

Fonte Whiplash: www.whiplash.net


Nergal, vocalista do Behemoth pode ficar até 2 anos preso...
De acordo com o Reuters, o Supremo Tribunal da Polônia declarou que o frontman do Behemoth, Adam "Nergal" Darski, comentou um crime quando chamou a Igreja Católica de "o culto mais assassino do planeta" durante um show em 2007, e rasgou um exemplar da Bíblia, o chamando de "um livro de mentiras".
Um tribunal de primeira instância vai agora decidir se Nergal é culpado pelo crime, que prevê uma pena máxima de dois anos de prisão.
"A decisão é negativa e restringe a liberdade de expressão.", disse Jacek Potulski, um advogado de Nergal, "Nós ainda estamos discutindo o fato de que estávamos lidando com a arte, que permite as declarações mais críticas e radicais".
Ryszard Nowak, presidente da Comissão de Defesa Nacional da Gestão Privada Contra as Seitas, disse à TV polonesa sobre a recente decisão do tribunal: "A Suprema Corte disse claramente que há limites para os artistas que não podem ser ultrapassados."

sábado, 10 de novembro de 2012

Entrevista: MALEFACTOR!


Uma grande banda! Uma longa jornada! O MALEFACTOR, banda veterana da cidade do Salvador/BA, já tem uma longa história pra contar... Com um Demo lançado, quatro álbuns e um DVD, o grupo vem lutando pra voltar ao topo da cena. Ame ou odeie, eles lutam como bravos guerreiros e estão prestes a lançar o quinto capítulo dessa saga, Anvil Of Crom. Conversei com o grande Lord Vlad (vocal), o qual me cedeu gentilmente essa entrevista. 
FOTOS: Gabriela Karine, Bruno Campos e Maurício Campos.



01. Saudações LordVlad e Malefactor! O último trabalho lançado pela banda foi o álbum Centurian em 2006. Pelo que você me disse o novo álbum será lançado ainda esse ano... Qual o título do mesmo, número de músicas, gravadora...?  O álbum foi todo gravado e masterizado em Salvador?
Lord Vlad: Hail Evil Brother !Obrigado pelo espaço. Cara... este disco tornou-se um parto por vários motivos. Muitos pensam até que viramos como o Metallica e alugamos um estúdio pra compor o disco lá dentro. Tivemos alguns contratempos sérios. O estúdio era em outra cidade (Lauro de Freitas) , só podíamos comparecer aos finais de semana. Não serei injusto com meus irmãos do estúdio. Somos MUITO chatos gravando..mais do que nunca. Uhauhauhau. E as músicas ficaram enormes. O disco tem mais de 70 minutos... são praticamente dois discos em um só. Aí o estúdio fechou por alguns meses e eles se mudaram pro lado da minha casa. Tivemos também participações mais do que especiais no disco e esperamos o material chegar. Depois de tudo pronto... Jafet foi pra Europa e levou um rough-mix do álbum, e preferimos esperar antes de assinar logo de cara com um selo brasileiro. FINALMENTE está tudo certo e a Eternal Hatred Records estará lançando o “AnvilofCrom”. Primeiro pelo ITunes, onde os metalheads poderão comprar o disco todo ou faixas separadas, e sairá em formato físico em janeiro/fevereiro. A gravadora tinha lançamentos na fila também. Enfim... demorou MUITO, e não demorará assim novamente para o próximo. Nem quero mais pensar nos problemas nestes 6 anos. Chegamos a ponto de parar de ensaiar muito tempo e agora estamos voltando com força total. Sábado ia 27.10 aconteceu o primeiro show (Guanambi-BA) de muitos  que virão para divulgar o novo material.Foi um show maravilhoso, energia metalizada total entre o Malefactor e o público. E estamos brutalmente orgulhosos do novo play. Demorou, mas ficou 666% do jeito que queríamos.

02.  Nos fale um pouco sobre o contexto lírico do novo álbum.
LordVlad: Apesar do disco chamar-se “AnvilofCrom”, uma homenagem (mais uma, sempre tem) ao Robert E. Howard, criador do Conan, o Bárbaro e sua temática forte e de guerra, o disco tem ainda uma música inspirada na Deusa Sekhmet (para a qual temos um vídeo-clip – esquema makingof do disco). No mais, a bandeira maligna tremulou como nunca e o disco está com cheiro de enxofre. Títulos como “666 StepstoGolgotha”, “Trevas”, “Into The Catacombs (Goatof Mendes)” são uma pista de como o disco foi forjado nas lavas deAcheron. Continuamos técnicos, melódicos, mas resolvemos buscar inspiração em tudo o que fizemos antes. Das demo(n)-tapes até hoje. Eu diria que voltamos a ser mais rápidos e sujos também e todos estão tocando muito melhor. Foram 6 anos sem lançar nada. Não podíamos lançar um disco mais ou menos. Não tenho nenhuma modéstia em relação ao disco novo. Na verdade acho a modéstia algo falso. Se nem você confiar na sua arte, como alguém irá confiar?

03. Porque tantos anos sem lançar nada, a banda chegou a ficar durante esse tempo inativa?
LordVlad: Nossa gravadora antiga faliu, estávamos chegando da Europa e todos sentíamos que era a nossa hora de crescer no cenário, e foium verdadeiro container de água fria. Ficamos sem suporte na tour do “Centurian”(2006), não tivemos a promoção que tínhamos em mente, sendo inclusive, inferior ao disco “Barbarian”(2003) e tudo isso acabou sendo bastante desanimador para todos. Só temos a agradecer à Maniac Records. Não foi culpa deles. O mercado ficou uma merda para quase todos. Em 2008/2009 tivemos um grande suporte da MutilationProductions (HailTulula) de São Paulo, que relançou nossos últimos álbuns em edição dupla e isso nos manteve vivos por mais um tempo. Resolvemos sumir mesmo, alguns caras da banda tornaram-se pais e precisavam de tempo pra se organizar, afinal estamos nessa desde moleques (1991). Bem... Eu encaro como um novo começo. Muita gente nos conhece no Brasil e temos nos esforçado para voltar ao exterior com este disco, mas a cena mudou, veio aquela “moda” retrô e tudo isso foi esquisito pra nós. Então eu sei que dos freqüentadores dos shows de hoje, mesmo nas cidades que estivemos mesmo que mais de uma vez, 70, 80% do público nunca nos viram ao vivo. Então, é hora de cairmos na estrada, revermos irmãos de underground, esquecermos os problemas e seguir em frente. Não vivemos da banda, nem mesmo queremos mais isso, então tudo fica melhor. Não existem cobranças o tempo todo entre nós. Sobe no palco, faz o melhor show possível e depois da catarse voltamos ao fudido mundo capitalista. Nunca estivemos inativos. Estávamos hibernando.
 
04.  Vocês lançaram o vídeo clipe da música BloodOfSekhmetque fará parte do novo álbum, como tem sido a receptividade do público?
LordVlad: Nós o lançamos muito antes do disco sair, porque estava rolando todo aquele burburinho do Brasil passar a sediar Wacken, depois o MOA Shit, e não tínhamos um disco em mãos. Vimos uma chance de voltarmos aos grandes festivais. Mesmo assim, sendo um clip dentro do estúdio, ficou muito foda. Agradecemos aos grandes Gustavo Korontai e Rafael pelo trampo. Já temos outro clip filmado para a música “AnvilofCrom” que sairá na época do lançamento do cd. A edição crua do próximo clip, com pequenas partes, já nos deixou de queixo caído. Não deve NADA ao que se faz lá fora em termos de produção. E não estou contando vantagem. É porque ficou foda MESMO! Já estamos conversando para o terceiro. Disco hoje não vende. Então clip e tour são 90% ou mais da divulgação. Iremos realizar o máximo dos dois com este disco, sempre mantendo o espírito maligno e técnico do Malefactor.

05.No vídeo clipe nota-se que a banda continua com a mão boa para fazer boas composições... Você diria que a banda evoluiu tecnicamente ou manteve o bom nível?
LordVlad: Desde que começamos a produção de um material mais épico, à partir de 1994, tenho plena convicção que nos tornamos uma banda bastante atípica. Pelo menos em termos de Brasil. Muita gente não entendia o que estávamos fazendo. Era épico, pagão, profano, mas muito cadenciado, centenas de mudanças de andamento. E pra ser sincero... A gente tinha a idéia e a vontade, mas não tínhamos ainda nem a produção e nem a capacidade técnica de fazer. Não sei se evoluímos. Digo que estamos sendo mais profissionais, tanto em estúdio, como ao vivo. Fomos bastante minuciosos, ouvindo produções do Brasil e de outros países e posso dizer, sem medo de errar, temos um disco diferente novamente. Mas os bangers conseguem identificar “porra..isso é Malefactor”. Claro que sempre vai ter influência, mas criar uma “assinatura” é o mais difícil no mundo da arte, penso eu. Copiar o Sarcófago, o Sodom, o Bathory, é algo possível. Jamais será tão bom quanto, apesar de que eu não acho que só as coisas originais prestam. Hoje já existem até bandas tributo, que fazem questão de soarem quase iguais à bandas antigas. Até mesmo na estética. Não é a nossa meta. Obrigado ao Korontai e Rafael Sodré pelo clip de “BloodofSekhmet”. http://www.youtube.com/watch?v=Fz_ESl-6Peo

06. Quando pretendem voltar a tocar na capital baiana? Deve rolar uma turnê para divulgar o novo álbum?
LordVlad:A tourjá começou antes mesmo do disco. E começamos pela Bahia. Fomos para Guanambi no final de outubro (HAIL!!!)e agora virão Feira de Santana e Alagoinhas. E aí, não sei quando, nem onde, iremos parar. Salvador eu só quero tocar se for algo especial. Nada de local ruim, nem som mais ou menos. Fizemos uns shows em Teatro anos atrás e eu achei muito bom. Som maravilhoso, luz foda. Prefiro tocar até para um público menor, mas que possamos fazer um show inesquecível. Termos todo tipo de cuidado, até porque a meta é filmar para um possível DVD. Salvador ainda deve demorar um pouco, porque queremos algo realmente especial. Queríamos comemorar os 20 anos de banda em dezembro em Salvador, mas não deu. Talvez a gente faça uma festa, alguma audição do disco, mas nada de show mambembe só pra dizer que comemoramos.


07.Lembro-me de ter pego muitos shows memoráveis da Malefactor dividindo palco com a Tharsis(outra grande banda de Salvador que infelizmente acabou) no saudoso Idearium Bar. Você diria que aquela foi uma das melhores épocas do cenário local? O que mudou daquela época do cenário de Salvador para o atual? O cenário perdeu muito com o fechamento do Idearium Bar para shows de Metal, assim como o fim do Rock In Rio, e ainda com o fim da Maniac Records? Realmente sinto saudades...
LordVlad: O metal na Bahia hoje está caindo das pernas. As bandas antigas, a maioria morreu, os espaços fecharam, não havia gravadora (HAIL ETERNAL HATRED RECORDS/MS METAL PRESS) até um dia destes e a violência ainda é muito grande dentro da cena. A eterna bobagem classista, negros contra “brancos”, favelados contra “playboys”. E toda esta bosta idiota que a falta de educação causa. Você vai a shows underground pelo país e no exterior, claro que rola briga, mas são atos isolados. Aqui é uma cultura louca. Pode soar preconceituoso, mas acho que para se ouvir metal, que quase sempre é cantado em inglês, seria necessário um mínimo de entendimento do idioma. E ler não faz mal a povo nenhum. O cara acabou de fazer 15 anos de idade, ouvia pagode 2 anos atrás, e compra um disco do Nargaroth, ouve dizer que a banda prega assassinatos, e chega no show parecendo que está indo combater inimigos. Como dizemos aqui na Bahia, pensa que é “cavalo do cão”. Não percebe que é a velha história “Metal desunido, vai se destruir” – Dorsal Atlântica. Você dar um soco, uma garrafada em alguém porque ele pensa diferente de você, é imbecilidade. Eu sou seguidor da cultura anticristã, mas não vou espancar o cara porque ele prefereouvir Dokken. Ele que escolha o melhor pra ele. De que adianta arrotar ser satanista e ter este típico comportamento cristão de intolerância, preconceito? Nem todos tem que estar produzindo na cena como eu, não posso cobrar isso de ninguém. Só quero que vá ao nosso show o cara que é apreciador do Malefactor.  Mas não vou hostilizar alguém porque não é. Há menos que ele não saiba debater e agir com civilidade. E olha, em mais de duas décadas de metal, o que mais vi foi “filho de Satã” virando crente, pagodeiro e renegando seu passado. Foi tanto imbecil nos criticando porque o Malefactor, na época um bocado de moleque bêbado com 15 anos, fazia death metal, e 3 anos depois incorporou novos elementos ao som. Aí um prego destes, que um ano atrás não sabia nem brincar com seu pinto, chega com cara de fome no show e camisa de banda nazista, e cuspindo arrogância. Aí vem cara das antigas, e apóia isso na cena. Salvador é uma cidade abandonada em vários aspectos, e nós, morremos de saudade destes locais que você mencionou. E o povo já reclamava. Viram show do Destruction com Kreator por R$30,00 e reclamaram. Bato palmas pra Recife que virou um pólo da cultura alternativa e underground e fico muito triste, porque foi na Bahia que o Rock andRoll nasceu, com Raul Seixas, e hoje só somos lembrados pelas bostas com suas pseudo-músicas. Como dizia Marcelo Nova “Salvador – a cidade do Axé e do terror”. HAIL TRUE BAHIA METAL MILITIA!

08. A banda já possuiu dois tecladistas em sua formação... Ainda pensam na banda voltando a tocar com dois tecladistas? A sonoridade do grupo não perde muito com apenas um tecladista?
LordVlad: Nem eu entendo porque era assim. Huauhauhauauh. Juro que não vejo mudança na sonoridade, com menos teclados ou mais simplicidade, porque, por incrível que pareça, a guitarra sempre foi mais na frente. Nunca tivemos como meta que o teclado fosse nosso guia. Na verdade, depois que Chris Macchi entrou na banda, o teclado está até muito mais presente. Porque ele é um músico louco. Além de tocar muito, e ter vindo da velha guarda(ele já tocava metal em 1988 na Arsenal Heavy em Salvador) hoje temos solos de teclado à lá John “GOD” Lord e aqueles ataques foda do Hammond. Mas no geral, acho que o Chris sozinho dá conta e sobra. Talvez tenha sido um ataque de megalomania, não sei. Mas não vemos mais necessidade disso.

09. É difícil dizer que a Malefactor faz esse ou aquele estilo de Metal, concorda? Já vi a banda sendo rotulada como MelodicDeath Metal, você acha que esse o rótulo mais aceitável a banda? Prefiro dizer que a Malefactor é uma banda de Epic Metal ou Metal Sinfônico...
LordVlad: Nunca usamos este rótulo de Melodic, acho uma bobagem isso aí. Se você fosse à minha casa e visse minha coleção de discos, talvez achasse uma 4, 5 bandas do chamado “GothemburgSound”. Claro que eu adoro vários trabalhos do DarkTranquility, do Dismember (bastante melódico em alguns trabalhos – embora eu goste deles de qualquer forma), ArchEnemy com vocal masculino, In Flames do início (pois émoçada... o In Flames era metal, huahuauhahua). Só que reparem...NENHUMA destas bandas tem o teclado como guia. Se não me engano o DarkTranquility nem tinha tecladista. Nós tínhamos dois. Nós falamos sobre Satanás, Sangue, Guerra, Profanações, Luxúria e não há concessões para músicas eletrônicas, nem pop. Nossa melodia vem do fantástico e fudido, heavy metal tradicional. Como você vê... não consigo fazer um link entre nossa proposta e a deles.  A mente de uma parte dos metalheads nacionais parece que não consegue ir além do Sarcófago e do Krisiun, OU da nova “moda” que é o OldSwedishDeath Metal. Os oitentistas...já estão sumindo como areia. Nos rotulamos como Unholy Metal. Porque não vejo como nos colocar em nenhum dos muros dos estilos hoje mais conhecidos. E nem queremos. Somos 666% metalizados, e isso nos basta. Entendo quando você fala da parte sinfônica, mas o Celtic Frost já fazia isso na década de 80, e chamavam de Death metal OU de Black metal. 


10. A Escarnium(banda de Death Metal de Salvador) esteve na Europa realizando uma turnê e pelo que fiquei sabendo eles sofreram várias ameaças por partes de grupos neo-nazistas.... A Malefactor também sofreu algo do tipo quando esteve por lá?
LordVlad: Não sofremos nada grave não. Tocamos numa cidade chamada Halle na Alemanha e o show foi em um squat, ocupado por um grupo chamado “MetalheadsAgainstNazism”. Ai tinha uns White Power de bosta, procurando onda pelo bairro. Mas nem no show foram e não foi conosco a treta. Já em Braunschweig (Alemanha) apareceu um grupo grande de NS Black Metallers e achamos que o bicho ia pegar. Fizemos o show e eles foram no camarim atrás de nós. A gente começou a pensar que ia ser uma pancadaria infernal. Aí chegam os caras, cheios de birita e haxixe “heybrazilians...” e ficaram lá trocando idéia, explicando que eram da extrema direita, mas não se preocupavam com bandas, e sim com imigrantes ilegais. Enfim, uma postura esquisita, mas eu não ia caçar onda na terra dos outros, até porque chegaram numa boa e alguns só queriam trocar idéia de som. Talvez um dia role alguma treta, mas aí vão entender que não se ganha uma briga no gogó. A gente já se deparou com cada mal-assombrado tirado a sei lá o que, não vamos baixar a cabeça pra merda de nazista algum. Seja no Brasil ou no exterior. A política não pode estar acima da magia negra metálica. Jamais!


11. Vocês chegaram a dividir palco com uma banda de white metal, estou certo? Isso não seria algo contraditório para uma banda obscura como a Malefactor? Hoje em dia vocês se arrependem disso? Tocariam novamente com uma banda cristã sem problemas? Até que ponto o radicalismo é benéfico e maléfico no cenário underground?
LordVlad: Pois é... É a “eterna” pedra no nosso sapato. Uhauhauhauauh (desculpe o infame trocadilho). Quando topamos tocar num festival (nunca num show) com esta merda, sabíamos que muitos iriam nos criticar, porém, 90% deles já não nos apoiavam mesmo. Já fomos chamados de traidores de tanta coisa, foi apenas mais uma. E nem posso tirar a razão totalmente de quem ficou puto. Mas eu tenho sempre que analisar que bate aquele estigma de vira-lata SEMPRE no brasileiro. Tem um bocado de banda aí que já dividiu palco com banda cristã (inclusive em Salvador, no Palco do Rock – com a banda Empty Cross) e tantas outras, mas eu vi que o que incomodou MESMO era que o show era em SP, num local foda, divulgação foda e que muitos nos detonaram, e logo no ano seguinte estavam mendigando participar do mesmo festival, pedindo voto em orkut, nem aí pra quem ia tocar. Bandas como Trouble, St.Vitus, Helloween, que pregam sobre o cristianismo em suas letras, já dividiram o palco com centenas de bandas respeitadas e fudidas lá fora, e os brasileiros compram camisas, vão aos shows e tudo mais destas bandas. Gringo pode,o Malefactor, não. A tal bandeca papa hóstia, inclusive, entrou no palco com incenso pra tirar a “energia ruim” do Malefactor. Hahuauhhuahuauhauh. No mesmo festival teve mais 13 bandas, NENHUMA cristã e foi com algumas destas que eu me senti dividindo o palco. A pergunta certa é: “porque uma banda White merda está no mesmo palco de uma banda satânica como o Malefactor”? O underground é nosso, não deles. Cadê eles? Eu estou aqui. Cantando as mesmas coisas, dizendo as mesmas coisas. Já esqueceram do Tom Araya dizendo que é cristão? Que o Megadeth (Megalife) expulsou o RottingChrist de um festival? Ahhhhh...eles podem, porque são ícones. Eu jamais deixaria de ouvir RottingChrist porque tocou com Megadeth. Eu sou um baiano com raiva, somente. Se eu tocaria de novo? Não. Já toquei no festival, isso me levou a conseguir tocar numa estrutura ótima, na frente de muitos metalheads que trocavam cartas comigo desde a década de 90 e nunca nos viram ao vivo. Eu já tinha tocado em Sp antes, e vi que a população de lá só comparece em shows gringos OU covers. Este Festival era um diferencial enorme. Eu moro aqui na terra esquecida. É muito fácil dizer “eu não tocaria” quando ninguém lhe convidou, e quando você não teve milhares de votos do país todo pedindo pra que você tocasse. Eu fui em respeito aos que queriam nos ver lá. Não tenho que pensar “porra. vou chatear os caras que já não nos admiram”. Foda-se ETERNA! Foda-se Stryper! Mas isso não vai fazer eu mudar de idéia sobre o porque deu ter estado ali. Eu estava ali pelo metal, como está registrado em vídeo na minha fala durante o show: “A única religião que deve comandar a todos nós é a do heavy metal”. METAL CHURCH!

12.Você diria que o cenário underground nacional está em baixa? Antigamente tínhamos gravadoras como Somber, Maniac, Demise que faziam grandes lançamentos de álbuns de bandas nacionais, assim como talvez um número maior de bandas, zines impressos e web...
LordVlad: O cenário mundial está em baixa. Até mesmo pro povo do pop a coisa está complicada. Não dá pra acompanhar mais os lançamentos também. Qualquer banda couro de rato lança álbuns e só gente com muita grana OU respaldo antigo consegue chamar alguma atenção atualmente. A Maniac foi a mola propulsora do metal da Bahia. Um bocado de filho da puta não apoiou a loja/selo quando ela mais precisava. Hoje as bandas de metal tocam em galinheiros, não tem mais local apropriado pra expor seu material e vejo as pessoas falando “porra...era massa naquele tempo”. E porque não apoiou naquele tempo, merda? A Demi$e só fez sacanagem com as bandas. Tentou ao máximo sugar grana e talento das bandas. Todo mundo teve que ir na justiça pra se livrar do contrato com eles, teve banda que acabou. A Maniac teve que literalmente comprar uma liberação do Malefactor, e 11 anos depois, o “The DarkestThrone” ainda não foi relançado, porque os selos ficam com medo do dono da Demi$e tentar arrancar mais grana de quem batalha. Não sou mal agradecido não, mas também não sou idiota. A Demi$e não me faz falta alguma. HAIL MANIAC Records, Mutilation Records, Eternal Hatred Records pela confiança,amizade e sentimento realmente underground.


13.E o velho Mirc e o #metal-ba... Você não sente saudades daquela época? Infelizmente o mirc caiu em desuso, depois veio à moda do MSN, Orkut e por agora Facebook. Particularmente gostava muito do mirc pois era um ótimo meio de conhecer e fazer contatos com pessoas do underground do mundo todo, fazer amizades em geral e trocar mp3’s.
LordVlad: Você está muito saudosista. Mirc era tosco, uhauhahuahua. Mas eu usava muito. Eu gostava porque usávamos chats privados, mas havia bastante debate e conversas em aberto, com muita gente participando. Bastava você divulgar um show no #metal-ba que lotava. Tinha gente que nem era metalhead que ia, porque ficava amigo do povo do #irc. Mas cada época fica uma marca de comportamento. Foi muito bom, mas hoje, as coisas são bem mais fáceis. Que nada..sentir saudade de conexão discada, 30 minutos pra baixar uma música?

14. Provavelmente todos os álbuns do Malefactor estão esgotados... Existe alguma possibilidade de relançamento deles? Existe alguma proposta de relançamento de algum deles em LP?
LordVlad: Nós relançamos o “Barbarian” e o “Centurian” juntos, numa edição especial, pela Mutilation de SP, e ainda rola algumas cópias. Os outros, só acha usado. Queremos relançar as demos, junto com os álbuns “CelebrateThy War” (1999) e “The DarkestThrone” (2001), mas precisamos analisar na justiça como fazer. Até eu mesmo lançaria, porque muita gente ainda procura, mas pode ser um tiro no pé e virar um grande processo judicial. Quem sabe a gente não dá a doida e regrava os dois discos? Do “Celebrate...” já regravamos duas no “Centurian”. Seria uma saída.

15.Você possui uma grande qualidade e variação vocal: gutural, rasgado, assim como os majestosos limpos e tem mantido pelo menos ao meu modo de ver o mesmo nível durante todos esses anos, diferente de vocalistas como Philip Anselmo, por exemplo, que ao meu gosto tinha uma das mais afinadas vozes do Metal e com o passar dos anos foi perdendo a qualidade, provavelmente pelo seu forte envolvimento com drogas, podendo-se dizer que comprometeu aquela performance vocal grandiosa do Cowboys FromHell talvez até em uns 50% pelo que se ouve dele hoje em dia. Você possui algum tipo de cuidado especial com a sua voz? Como manter o mesmo timbre durante tantos anos?
LordVlad: Muito obrigado. Eu acho que estou cantando bem melhor, mas não sei até quando consigo. Nunca fizemos uma tourrealmente longa, de 2, 3 meses tocando direto. Eu precisaria REALMENTE pensar em como cuidar da voz. O Phil Anselmo cantava MUITO no início da década de 90. Mas fez tour atrás de tour e como podemos ver nos vídeos do Pantera, se entupindo noite após noite de maconha, heroína e álcool.  Durante anos e anos. Não acho que ele consiga cantar as partes agudas, nem mesmo dar aqueles berros copiados hoje por 99% destas bandas de metalcore. E talvez ele nem queira. Eu só sei que dei uma sorte de ter nascido com esta facilidade de mudar os tipos de vocal e penso que descobri as melhores formas de fazer isso. Mas, não me cuido tanto quando fazemos shows. Como são poucos atualmente, não parei ainda pra ver como fazer. Não fico até de manhã enchendo a cara como alguns caras da banda, mas ainda assim, me divirto muito com meus irmãos na estrada e teria que tomar maiores cuidados em uma tour mais extensa.


16.Em uma entrevista ao site Stay Heavy Rob Halford se mostrou interessado em tocar ao lado do Malefactor... Já rolou algum contato entre ele e vocês?
LordVlad:Lembro disso e fiquei bastante honrado. As pessoas falam do Halford pela opção sexual dele, e esquecem que é um dos criadores do metal tradicional. O Judas Priest é a grande representação do metal feito pra bater cabeça, com riffs inacreditáveis e ele, certamente, está entre os 5 melhores vocais de todos os tempos. Ele disse, na verdade, que queria conhecer nosso som, e que iria procurar na net e tentar tocar no Nordeste. Mas, só pelo fato dele ter tido a humildade de querer conhecer o Malefactor, que é uma banda de fanáticos pelo Judas Priest, já é uma honra inacreditável para nós. Espero que ele tenha ouvido nossa versão para “A TouchofEvil”, que foi bônus-track do “Barbarian”.HAIL TO THE METAL GOD!WE’RE ALWAYS SCREAMING FOR VENGEANCE!

17.Quais os problemas da cena local de Salvador? Temos grandes bandas, mas uma falta de união e até de respeito entre bandas e bangers, muitas rixas, faltas de locais decentes pra shows...
LordVlad: Cara, felizmente algumas bandas colaboram umas com as outras, mas no geral, é uma competição imbecil, como se ainda vivêssemos o começo do rock androll, todos querendo ser “a melhor banda”. Tem alguns caras que dizem que não curtem nosso som, aí eu vejo apoiando outras bandas “avant-garde” como Emperor, Enslaved, Tyr, SepticFlesh e tantas outras difíceis de rotular. E percebo que o fato de sermos brasileiros e não termos seguido a escola do Sarcófago, Krisiun ou outras, incomoda. Uma grande burrice. Se você vai na Alemanha, as bandas que eles mais apóiam são as Alemãs. No Brasil... são tours toscas, um país gigantesco e as bandas tem que viajar de van ou buzu distâncias enormes, pra poder economizar. É ridículo uma cena deste tamanho e o Malefactor, Headhunter DC, Mystifier, Sanctifier, Veuliah e tantas outras bandas nordestinas tocando pra 200, 300 pagantes. O mesmo público ou até menor que qualquer bandecaeuropéia quando vem aqui. Quando uma banda underground nacional leva 500 pagantes, mesmo nas maiores capitais, é uma vitória. Isso é uma vergonha cara. Você chega numa cidade da Europa menor que um pequeno bairro de Salvador e dá o mesmo público. Sendo que eles tem show TODO DIA praticamente. Não tenho aquele discurso brega de “apóiem o metal nacional”. Eu apóio bandas boas, sejam de onde for. Mas NÃO IR porque é nacional é de uma burrice enorme. As bandas também tem uma parcela enorme da culpa. Mesmo depois de lançarem discos, terem anos de estrada, tocam em qualquer buraco fudido, com som de karaokê. O cara vai num show destes, e sai detonando, e com razão. O maior problema da cena de Salvador, é ser de Salvador. Tenho percebido isso há tempos. Se no interior faltavam lojas (aqui só sobrou a Mutantes e a Smile que eu saiba), é MUITO mais fácil conseguir patrocínio para eventos. Aqui é tudo na máfia, só pagodeiros e arrocheiros recebem verbas, tanto da iniciativa privada ou dinheiro público. Com raras exceções, e que, geralmente, mais porque tem contatos políticos do que por outros motivos.

18.  Além do guitarrista Danilo, que possui o DivinePain(Death Metal), alguém mais da banda possui algum projeto?
LordVlad: No momento não. Chris toca em algumas bandas de cover, e Jafet está acertando com uma banda irmã de death metal a sua provável participação como membro no disco deles. Eu estou enrolando tem anos dois projetos. Um de Black Metal, muito provavelmente na veia grega e australiana, e um projeto de heavy metal tradicional. Tenho muitos riffs, mas tudo muito incipiente ainda. Recebi uma “proposta” de trabalho e estou vendo se é possível para 2013. Mas eu trabalho em dois locais, das 8 as 22 TODO DIA, e ainda tem o Malefactor. Tempo é algo que não tenho !


19.Gostaria que comentasse um pouco sobre o conteúdo lírico da música The DarkestThrone que pra mim e provavelmente pra muitos é o maior hino da banda... THE DARKEST, THE DARKEST, THE DARKEST THROOONE!!!
LordVlad: Em 2000, quando ela foi escrita, estava procurando por temas diferenciados. Jafet descobriu uma antiga lenda viking, sobre a conquista de novas terras e sua relação espiritual com Njord, e seu chamado, que os guiaria pela neblina. De certo que sempre estamos buscando falar de civilizações antigas, reais ou não. No mesmo disco “(The DarkestThrone – 2001) havia uma música sobre a Atlântida (“IntotheSilence”) e sobre a Era Hiboriana (“Necrolust in ThulsaAbbey”) e assim tem sido desde sempre. Sempre olhando para o passado, sua manifestações pagãs, suas guerras e suas sociedades. É assim que fazemos nossa arte obscura. “The DarkestThrone” sempre será uma música especial para nós. Com sua letra enorme, contando esta lenda macabra. Entre os guerreiros havia um acerto de honra de que o primeiro que chegasse à terra prometida, deveria ser o patriarca e seus filhos os senhores do novo mundo. Bem como, o rival seria morto, afim de evitar disputas futuras. Quando da proximidade da terra, os líderes jogaram-se ao mar, disputando esta chegada. Um deles, ao perceber que não conseguiria vencer o principal oponente à nado, cortou sua própria mão e arremessou até a margem, conquistando assim o “trono mais negro”. É uma lenda forte, uma música forte e nos shows sempre acontece aquele coral que você citou. Sempre emocionante !

20.Cada vez mais vemos bandas de Metal tocando ao lado de orquestras, vocês pensam em um dia fazer isso?
LordVlad: Não pensamos não. Talvez fazer umas loucuras com corais macabros, um outro convidado que pudesse tocar algum instrumento da Musikantiga. Mas orquestra? Isso está muito longe dos nossos horizontes.

21. Por gentileza, cite dez álbuns clássicos do Metal.
LordVlad: Vou citar meu playlist preferencial da vida toda:
1 - Rotting Christ – Thy Might Contract
2 – Bathory – Under the Sign of the Black Mark
3 – Horrified – In The Garden of the Unearthly Delights
4 – Iron Maiden – Somewhere in Time
5 – Black Sabbath – Vol.4
6 – Slayer – Show no Mercy
7 – Celtic Frost – To Mega Therion
8 – Sepultura – Beneath The Remains
9 – Exodus – Bonded By Blood
10 – Septic Flesh – Mystic Places of Dawn


22.  Sei que você é um grande fã de cinema, por gentileza nos cite alguns filmes que não se deve deixar de assistir antes de morrer.
LordVlad: Vou seguir o ritmo da pergunta anterior e citar 10 que já vi dezenas de vezes cada um:
1 – Conan The Barbarian
2 – The Exorcist
3 – Omen
4 – Rosemary’s Baby
5 –Warriors
6 –Schindler’s List
7 – Spartacus
8 – Passion of Christ
9 – Apocalypto
10 – The Godfather



23.Como historiador, qual você acha que seria a melhor forma de governo para o Brasil? O que faz de Salvador ser uma das capitais mais atrasadas do país?
LordVlad: A melhor forma para o país seria uma distribuição de renda mais justa. Temos quase todos os grandes recursos direcionados para o Sul e Sudeste, o que começou a mudar de uns anos pra cá. Salvador é atrasada porque esta merda de monocultura pós-1985, com a chegada da Axé Music, fez a cidade virar o berço de uma negritude fake. Explico. A chamada “Roma Negra” é uma construção cultural governista, aliada aos interesses do capital. A maioria negra só é beneficiada, mesmo, pela dita música de origem batuqueira, com letras bobas, como se o negro tivesse que ouvir somente tambor e falar de Farol da Barra. Os verdadeiros blocos afro desfilam madrugada adentro, como se fosse um favor prestado a eles. Ou seja, de negra, a cultura baiana só tem mesmo a “resistência”, porque do ponto de vista mercadológico, sempre tudo é voltado para a classe rica da cidade. Vivemos no meio deste tiroteio de música vazia. Eu pago impostos igual aos pagodeiros, mas não existem para mim e os outros milhares de metalheads, programas de TV, casas de shows estruturadas, respeito por parte da mídia não especializada (com algumas exceções). Você vai a Recife (tem muita porcaria lá também), mas tem grandes festivais, shows internacionais, metrô. Não é uma monocultura, não é aquela visão medíocre de que se é uma musica de fora, é contra a terra. Que eu lembre, descendemos de europeus também, e valorizar um tipo de música, não quer dizer que eu tenha que achatar outra. Somos a terra do rock androll de Raul Seixas, do Camisa “Bota pra Fuder” de Vênus e só lembram de nós por Timbalada e afins. Não vejo Salvador saindo desta posição, porque o mercado se estabeleceu assim e só tem piorado. Se antes (1985 pra frente) tínhamos músicas bobas, hoje temos a “cachorrização “ das mulheres, o crack dominando a cidade, a imprensa voltada só e somente para o escracho sanguinário dos pobres e uma terra que tem um dito “Festival de Verão” que NUNCA trouxe uma grande atração internacional de heavy metal, ficando evidente que estão perdendo MUITO dinheiro, somente para manter o controle da cena musical da cidade. Pensar criticamente, por aqui, incomoda.

24.Muito obrigado pela entrevista LordVlad! Vida longa ao Malefactor! Um forte abraço!
LordVlad:Um grande abraço a você soldado. Somos do mesmo exército metálico. Obrigado pela oportunidade. Interessados em adquirir material, marcar shows ou entrevistas, podem nos procurar pelo e-mail lordvlad666@hotmail.comSTAY EVIL!